Antes de partir, minha mãe pediu que a levássemos ao Arpoador, área do Rio de Janeiro formada por uma grande pedra e pelo canto de uma praia. “Arpoador” significa “aquele que arpoa, que arremessa o arpão para pescar”. Dizem que o local foi batizado assim porque ali teria sido uma área privilegiada para a pesca de baleias.
A pintura de Everton exprime o que há de mais real na vida do homem. Aos olhos desse artista, a humanidade é revelada pelos aspectos mais sublimes e também mais obscuros. O artista cria a possibilidade do humano se redimir através da autoavaliação. Sua pintura não pretende agradar, mas cutucar. Ela é como uma revelação do BELO através do FEIO.
Anísio Campos é um designer de carros responsável pela criação de mais de quinze automóveis entre 1960 e 1990. Estes carros, conhecidos no Brasil como “carros especiais”, foram criados de forma quase artesanal. As mãos de Anísio fizeram maravilhas sobre rodas. A princípio, pode-se dizer que aos oitenta anos de idade, Anísio Campos não tem mais nada para realizar, a não ser deixar seu apartamento em ordem. Todos os seus arquivos, que ele armazena desde o começo de sua carreira, estão deixando-o louco. A filha de Anísio, Raquel Valadares, diretora de Homem-Carro, aceita a tarefa de organizar todos os arquivos. Ao fazê-lo, Raquel passa a conhecer histórias sobre a vida de seu pai e seus carros. Histórias que merecem ser contadas. Ao evocar as memórias frágeis de seu pai, Raquel tenta compreender um passado, quando o sonho de uma indústria automobilística brasileira parecia possível, e um presente, quando tal sonho já faz parte do passado. Conduzindo Anísio em diversas viagens em busca de suas memórias, Raquel promove o encontro de um artista com suas obras, em uma experiência tocante e duradoura que nos faz repensar nossos próprios sonhos.
Após encontrar dezenas de fotografias da avó jovem, neta pede para ouvir as histórias de sua vida.
“A lenha ardia ininterruptamente no lar, desse lugar centrífugo cujos actores davam ainda novos mundos ao mundo, graças ao suor das obras à seiva clandestina dos sonhos” Regina Guimaraes
Um fio de poesia vermelha conduzindo a experiência audiovisual de fazer‐se e afirmar‐se na loucura das condições de ser negra. Olhando a história a partir do porto, reconhecer e afirmar as potencias e a beleza. Parir do próprio sofrimento um horizonte de liberdade, apoio e colaboração. Encontrar na presença de outras mulheres a força do feminino e o sagrado sentido de ser, até poder celebrar a vida, em fêmea comunhão e sociedade.
Uma mulher decide filmar as suas visitas à avó. No silêncio da casa, a câmara capta a relação singular entre estas duas mulheres com 50 anos de diferença. Com a passagem dos dias, a experiência do filme e da vida começam a confundir-se.
Em um olhar sensível sobre a experiência do racismo vivido cotidianamente, mulheres negras descobrem uma força ancestral que emerge de seus cabelos crespos transcendendo o embranquecimento.
Aos 3 anos, Vitor veste sua capa e está pronto para voar.
Todas as famílias guardam segredos. A minha não é exceção. Primeiro descubro um velho filme de 9.5 mm, depois redescubro os velhos álbuns de infância da minha mãe onde as fotografias me parecem todas ilusões óticas. Mais tarde o meu avô, que nunca conheci, revela-se e fala comigo num estranho programa de televisão. Nesta viagem quero desvendar os segredos da minha família durante a ditadura, que envolvem mistérios que foram passando de geração em geração. Entre passado e presente procuro reinterpretar velhas memorias e descobrir novas verdades, lutando contra o silêncio e as portas fechadas.
Tal como os ciganos, os sapos de loiça não passam despercebidos a um olhar mais atento. Balada de um Batráquio surge assim num contexto ambíguo. Um filme que intervém no espaço real do quotidiano português como forma de fabular sobre um comportamento xenófobo.
O filme conta a história de Vilma Santos de Oliveira, também conhecida como Yá Mukumby, passando por sua trajetória pessoal, política e religiosa, com destaque para sua participação na instauração do processo de cotas na Universidade Estadual de Londrina.
Por meio de um mural de fotografias, Tila Chitunda recria a trajetória de sua família que precisa deixar Angola e se refugiar em Olinda no final da década de 1970 por causa de uma guerra civil. Dividida entre as memórias da família e as manifestações de origem africana que ela encontra em Pernambuco, sua terra natal, a diretora única filha brasileira desta família, vai em busca de suas raízes.
Este filme experimental é parte de um projeto maior que inclui fotografia, videoarte e design. Um projeto sobre as mulheres da minha família. Avó, mãe, irmã, sobrinha e eu… quatro gerações. Cinco mulheres da mesma família conectadas pela água, pelo sangue e pelo amor.
Imagens do arquivo pessoal em Super 8 do casamento da minha Mãe mesclam-se com as memórias e objectos pessoais de uma outra mulher, Bárbara Virgínia, a primeira cineasta portuguesa.
Narra a carreira do personagem criado por Maria Eliza, o palhaço Xamego, nas décadas de 1940 a 60, e sua longa história no Guarany, circo de família tradicional, inaugurado no início do século XX.
Um casamento que aconteceu na década de 50, em Salvador, Bahia. A narrativa se constrói através do confronto de memórias: a memória subjetiva, composta pelas lembranças da personagem central, a noiva, e pelas lembranças da diretora, filha da noiva; e a memória concreta representada pelos filmes de arquivo, fotografias e a casa da família.
Heloisa é filha de Álvaro, um engenheiro civil que viveu o auge da carreira durante a ditadura militar. Entre memórias e um futuro incerto, pai e filha procuram outras formas de enxergar o mundo.
Lélia Gonzalez. Seguindo os passos desse nome, começo a busca pela minha ancestralidade e por retratá-la. Professora e antropóloga, mulher à frente do seu tempo, protagonista na militância junto ao Movimento Negro nos anos 1970/1980, período no qual percorreu diversas cidades e países -, sempre afirmando sua identidade e denunciando o mito da democracia racial. Um símbolo de resistência e da luta pelos direitos de indígenas, negros e mulheres. Os afetos de Lélia me guiam por toda caminhada.
Sabe quando você fala de uma pessoa que parece que você tá vendo essa pessoa na sua frente? Que você quer essa pessoa perto de você, mas não tem essa pessoa? É assim que ele fala.
Uma criança de dez anos brinca livremente sem se preocupar com questões de género.
Em 1975, a declaração da independência de Angola iniciou uma longa Guerra Civil. 40 anos depois, Alice, a única filha brasileira de uma família angolana que encontrou refúgio no Brasil, decide ir pela primeira vez à Angola, atrás das histórias que motivaram seus pais a lhe batizarem com esse nome.
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