A GENTE ACABA AQUI é a presença da morte em meio aos vivos. É o reencontro de familiares e amigos ao redor do corpo do meu tio. Um documentário fúnebre sobre a única certeza da vida.
A realizadora Leonor Rocha Oliveira sofre de transtorno de personalidade borderline. Neste ensaio íntimo descreve e reflete sobre os seus sintomas a partir de uma perspetiva tão crua quanto irreal.
Longe do meu país, eu me deparei com os estereótipos da mulher brasileira. Como reexistir em um contexto de generalização? Como desconstruir um rótulo e não permitir desconstruir a si mesma? Em Portugal, eu descobri que eu sou um emaranhado de coisas que existem dentro de mim que pouco tem a ver com a minha forma física. Eu pensei que era fácil me apresentar como eu, mas entendi que às vezes, até que eu prove ao contrário, já existem algumas teorias sobre mim.
É a primeira vez que Joana, brasileira, visita a sua amiga Kevin no seu país, a Uganda. Elas conheceram-se há 20 anos quando estudavam juntas na Alemanha e há muito tempo que não se veem. Agora estão perto de completar 40 anos e a vida mostra-se mais complexa que na sua juventude. Este é um filme sobre uma amizade entre mulheres.
As mãos questionam o que podem ter em comum com as mãos cobertas por cimento, por lama, por pó, vestidas de luvas azuis de construção civil e amarelas de limpeza. Essas mãos que, ao invés de construírem casas, abrem janela, repetem imagens, esticam sons, constroem filmes.
Um filme-ensaio sobre o que fica para lá da memória que se perde, uma memória no corpo, talvez. Pensei nisso no dia em que o meu avô me deixou sozinha com a minha avó e percebi que ela já não me conhecia.
A realizadora traz-nos numa viagem, em mais do que um sentido, em que investiga velhas fotografias e vídeos caseiros dos pais, tentando conhecer as pessoas que estes eram antes dela existir.
“Cozinhar é dar carinho”, diz a minha mãe.
Através da comida e de receitas geracionais, histórias pessoais são entrelaçadas com gestos de afecto e dinâmicas de quotidiano familiar. Uma ode aos que repetidamente nos alimentam e cuidam sem pedir nada em troca.
Eneida, 83 anos, faz uma jornada rumo a seu passado, em busca da filha primogênita, que não vê há mais de duas décadas. Com a ajuda de sua filha do meio, a cineasta Heloisa Passos, embarca em uma odisseia para tentar derrubar o muro que divide a família, transitando por momentos de descobertas e medo, de esperança e incerteza.
A separação de Francisca e do ex-companheiro foi o gatilho para este dar início a um ciclo de perseguições, assédio e ameaças. As ameaças prolongam-se a Cláudia, filha de Francisca, que questiona a natureza deste comportamento como resultante de um sistema patriarcal. O filme questiona a impotência da mulher sentada “no canto rosa” enquanto vítima de um agressor e de um sistema patriarcal. Como Simone Beauvoir referiu, “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”.
Numa tarde quente de Agosto, a família junta-se à mesa. As memórias de cada um vão-se cruzando para recordar a história do tio Botão. Da ditadura à emigração para França, onde trabalhou como homem do lixo, e quando voltava a Belmonte na carrinha cheia de “lixo” que transformava num verdadeiro tesouro.
Rua dos Anjos é um filme construído a partir do encontro e da criação fílmica partilhada entre duas mulheres. Nele, relatam e testemunham histórias pessoais enquanto trocam algumas técnicas de seus respetivos ofícios: o trabalho sexual e o fílmico. Neste cenário, ambas se tornam realizadoras e personagens.
Foi durante a sua adolescência que a jornalista portuguesa Catarina Demony descobriu que os seus antepassados, os Matoso de Andrade e Câmara, tinham um passado escondido: foram dos maiores comerciantes de pessoas escravizadas em Angola entre o século XVIII e XIX. Deparou-se com uma história familiar conflituosa. Com o tempo e a idade, Catarina começou a aperceber-se da ligação direta entre o envolvimento dos seus antepassados no tráfico transatlântico e o que estava a acontecer ao seu redor: a violência, a segregação, o racismo.
Este documentário fala sobre uma histórica longe de ser única em Portugal: uma família que fez dinheiro à custa de seres humanos. Dinheiro esse que, indiretamente, deu à Catarina e a tantos outros os privilégios de que hoje usufruem. Juntamente com o realizador Carlos Costa, o documentário não só desvenda o passado da família da Catarina mas também fala sobre as consequências da escravatura e do passado colonial em Portugal nos dias de hoje. Porquê que o tema continua a ser um “tabu” na sociedade portuguesa? E porquê que é importante retirar o assunto “debaixo do tapete” e pô-lo em cima da mesa?
A partir do registro de sua gravidez frustrada, a diretora Eliza Capai conversa com outras mulheres que tiveram vivências parecidas à sua, criando um potente e tocante coral de vozes que refletem sobre temas universais: vida, morte, luto e políticas públicas que nos afetam.
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